quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Resenha do filme Amélie Poulain

Amélie claramente aponta um cenário – ambiente, foto e sonografia – bem peculiar, e não é à toa a boa fama que o filme apresenta na cena cult mundial.
 Como se trata de uma análise, começo pela música de Yann Tiersen, da qual qualquer fã de french instrumental apreciaria sem hesitar, que nos cativa pelo encaixe perfeito da melodia com o cenário, mesclando a inocência constante de Amélie Poulain em diversas situações que, de tão simplórias, ficam engraçadas; como, por exemplo, a cena da vista para a cidade e a hipótese de quantas pessoas possivelmente experimentariam o orgasmo naquele instante.
 O universo parisiense da menina encantadora, que tornou famoso o Crème Brûlée e a brincadeira com morangos, nos revela a neutralidade humana perante situações sensíveis, como deficiência, pobreza ou vulnerabilidade, das quais a pequena Poulain se faz presente e prestativa em todas as ocasiões.

Pulando todo o mergulho filosófico, o filme é uma caixinha de agrados para quem adora música, fotografia e cenografia bem planejadas, consistentes e profundas. Vale a pena para os que dizem que as maravilhas humanas estão na sétima arte.

Resenha do filme Corra, Lola, Corra.

 Filosofia, existencialismo e literatura. Essses são alguns dos temas abordados no filme Corra, Lola, Corra. Começando pela citação de T.S. Elliot e Herberger e pela trilha sonora industrial e post-punk oitentista, da qual a sacada é boa e mirada aos internautas que gostam de literatura estrangeira, não deixa nada a desejar para quem procura encher sua mala da sétima arte com conhecimento.
 Na parte técnica, tudo é subliminar e julgado de forma surreal; o modo como os acontecimentos ocorrem ao redor dos personagens prende e instiga por cenas futuras, envolvendo rapidez e simultaneidade entre o passado e presente.
As marcas expostas no decorrer do filme remetem a uma condição de capital, a fim de atrelar os slogans à popularidade no mundo real. Dentro do repertório, elas não são mais do que um ponto de referência entre os capítulos.
 O enredo lembra filmes como Quero Ser John Malkovich e Clube da Luta, que constantemente colocam em pauta existencialismo, filosofia e reflexão na corda bamba entre a fragilidade e sensibilidade racional.
 Para apimentar as coisas, ainda observamos uma ferramenta subliminarmente usada no filme, com base em teorias psicanalíticas de Freud, como a cena da idosa insultando o personagem principal, projetando na jovem o que a acusadora fora no passado. Interessante enfatizar a abertura de um baú cheio de lembranças vindas de cada personagem conforme a ofegante Lola cruza em sua missão relâmpago.

 O drama no filme é claro e a corrida contra o tempo é constante. Se você procura um filme recheado de profundidade, tensão e autoconhecimento, Corra, Lola, Corra é uma ótima pedida!