Brindar o teu vinho
Brincar no teu ninho
Aplaudir o teu jeitinho
Se eu não fosse tão fechado
Se eu não tivesse sofrido por tanto amor
Se eu não me desse por demais, seria menos apático
Se nada acontecesse, abriria mais meu coração
Falaria mais sobre minha emoção
Gritaria mais sob um órgão sem feridas
Jogaria menos os meus cacos no chão
Saberia mais que no final eu os recolheria sozinho
Tornando-me mais forte
Traçando-me mais seco
De saco cheio;
De jogos previsíveis
De ninguém segurar minha mão
Assim como me propunha no passado
Já não largaria tudo por alguém
Já não ajoelharia em afetos e carícias
Já percebi que isso não se implora, não
Já costurei feridas que não gostaria de ter;
Mas que na hora não percebi que iria obtê-las, por amar simploriamente
Mas eu, bem
Me abro um pouco
De novo expondo
Algum eu em algum lugar
Em mutação genética
Em ideias transformáveis
Em bases para nunca me perder
Em pensamentos que já me perdi
Em paradoxos feitos
Em lágrimas que nunca consegui mais soltar
Queria poder escrever por alguém
Toda hora expressando-me novamente
Queria descrever alguém;
Além de mim mesmo
- Que irônico e frio!
Senhor, por favor, mal sabe você
Que por dentro me estilhaço
Por fora, inevitável aço
Tento acreditar
Mas está difícil segurar
A ideia de que alguém vai me abrir
E me cessar desse medo de nunca mais sentir.