terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O interior de um Arquipélago composto por um turbilhão de pressentimentos e pensamentos

Estou num daqueles momentos de reflexão sobre tudo que me encaixa neste ciclo de inúmeras atitudes. Revejo pontos em que errei, agi impulsivamente, desesperadamente procurando um motivo estável o suficiente para me sentir bem, para fugir de respostas que eu já tinha em mãos.

Os gregos costumavam dizer que não magoar alguém é uma tarefa impossível, principalmente se você pretende manter toda sua conjuntura estrutural de pé. Seja racional ou emocionalmente falando.

Em certo período andei frio e distante, custando-me algum tempo sozinho para perceber que justamente como qualquer lado negativo de qualquer outra pessoa, eu também o possuo. E para ser totalmente sincero, fiquei feliz em saber que nenhuma parte em mim está morta, mesmo que negativamente; percebi que os que eu conto ao meu lado podem se adaptar ao meu jeito, assim como eu faria com eles.

O que me incomoda é o meu lado positivo. Está opaco, pouco regado. Antes eu conseguia mantê-lo por muito tempo, mas esta cidade o pressiona muito. Talvez meu outro lado partindo de milhões de outras partes tornou-se mais camuflados para tentar manter-se no aço desta cidade.

Sim, caros, esta cidade mesmo; a dos sonhos. A tão cidade mencionada por tantos, almejada por muitos e propriamente falando, sonhada por todos. Não os culpo, afinal, esta cidade oferece possibilidades de crescimento e oportunidades exclusivas que talvez outras não proporcionassem. Mas este é o ponto, já não falando de mim e sim de todas as pessoas englobam crescer com camuflagem, tornam-se multicoloridas, o que não é ruim quando a ambição está longe. Pessoas de essência vêm para cidade com um objetivo, mas acabam se perdendo.

De repente é uma selva de quem se torna mais forte ou não. Inteligência virou sinônimo de ser evasivo e escorregadio. Afetos se perdem, ficam em stand by. Subitamente, percebo cada vez mais que aspectos como lucro, luxúria e frieza tornam-se potências para sobreviver neste ambiente.

Quanto mais o tempo passa, percebo também que meu lugar não é aqui. Inviavelmente acabo pegando um pouco deste comportamento selvagem. Ando lutando para não me envolver mais do que o necessário e fico feliz de sempre conseguir coletar somente o mínimo que esta megalópole exige.

Sei que é preciso algumas vezes um tempo sozinho. Mas as pessoas estão acostumadas a lidar com pressão excessiva, desilusões e individualidade, o que consequentemente as torna mais competitivas. Um abraço não é mais um abraço, é uma chance de conseguir algo ou deixar algo bem para voltar às atividades e metas. Esta cidade me deixa sempre na defensiva; desconfiando se alguém ainda não distorceu o sentido de honestidade e humanidade.

Eu não pertenço aqui. Quero um lugar mais calmo, onde eu possa mostrar sempre minha positividade sem esse medo da dor. Onde eu possa refletir mais, sorrir e me encantar com o simples. Andar na areia satisfeito com a vida que levo. Não sei se isto envolve ser forte ou não, mas talvez seja uma questão de ultra-sensibilidade ou na vista de várias pessoas; drama. Só sei que não suporto o jeito das pessoas se enterrarem. Pessoas que conheci de um jeito e que tinham a percepção de jamais se perderem como muitos nesta cidade. Mas hoje já estão quase camuflados, querendo ou não. Me irrita também o fato de eu também achar jeitos para me camuflar – o que me torna mais triste, solitário ou apático – mesmo que em uma fração.

Na medida em que vou escrevendo sinto-me mais humano. Começo a lembrar do meu sorriso e de como eu gostava de fazer os outros rirem. De como as pessoas se sentiam muito bem ao meu lado.

Duas conclusões podem ser feitas; sou totalmente nostálgico e humano escrevendo. Não aceito desligar meu cérebro e navegar junto com todos os marinheiros monótonos. Isto não pode me bastar, me prejudicar. Mas é uma batalha árdua e com uma pitada do meu dom para novela mexicana, torna-se mais complexo.

Como gosto de perguntas reflexivas, termino o texto com esta aos meus queridos leitores: Estamos nos camuflando demais vivendo uma vida complicada ou exageramos tornando-a mais complicada do que realmente aparenta?