Aquele estranho ser era realmente intrigante. Não se movia,
embora percorresse estradas e vias pra lá e cá, sem uma meta. Vivendo além das
convenções, sempre uma peça - ora dentro, ora fora - do tabuleiro.
Estranha também era sua bondade que
de hora em hora batia na porta, florescendo seu altruísmo.
Aquela persona de fato era curiosa.
Também de natureza teimosa, insistia no que fazia bem para si ao mesmo tempo em
que pensava no próximo, porém essa ideia sempre fora mal interpretada - odiava
faiscar com quem amava.
E a melancolia? Ah, ponto pessoal forte.
Queria todos perto e longe, pois sua solidão, como um lobo instalado
interiormente, sempre falava alto - motivo do qual se afastava de muitos, ainda
que prezasse pelo bem-estar deles.
No amor, o apego. No romance, a
incorreção tradicional. A ação de pegar na mão, comprar ou lembrar cada coisa
como se fossem pequenos pedaços dum pote de ouro.
Vivia apertado. Duro, buscando opções
financeiramente aceitáveis, já que seu sustento era próprio, fora obrigado a
desenvolver noções econômicas precárias.
E os sonhos? Bem, de curta duração.
Aliás, seu maior sonho fora morto pelas peças que a vida prega, gerando uma
tortura incansável dentro de si, remoendo o passado e, pior ainda, o futuro. Bagunça
essa construída em cima de uma consciência madura e perspicaz. Preferia aguentar
na solidão a incomodar, a paz ao dialogar. O conforto do lar.
De um coração frágil e mente agitada, já não sabia se estava fazendo a coisa certa, mas sabia que seria puro egoísmo parar ali. Acabar a jornada sem jornal e novidade. Coisa assim.
De um coração frágil e mente agitada, já não sabia se estava fazendo a coisa certa, mas sabia que seria puro egoísmo parar ali. Acabar a jornada sem jornal e novidade. Coisa assim.