segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Atualização, vários textos

Era de tarde. Eu estava entre uma mistura de desespero, esperança e álcool. Então eu deitei na cama e observei a chuva que caía, percebi que a cada ciclo atmosférico de chuva servia para nos refrescar ou conforto para dormir, mas as entrelinhas estão além. Percebi que a chuva lava as ruas, leva sentimentos ou torna-os mais frágeis contra nós mesmos, nos remetendo em uma indulgente nostalgia.

A chuva, como em um romance, é trágica e boa. Plausível e metafórica. Leva as más áureas e afasta quem sempre te desacreditou. A chuva limpa os exércitos de todos os sentimentos, mas você sabe que está em um bote frágil e depressivo, porém bondoso. O ciclo da chuva em aspecto emotivo, limpa coisas maléficas, assim, podemos sentir a sensação. A sensação de que podemos dançar, de que posso dançar.

~~

O tédio ou a batida interior que sentimos quando estamos sem nada pra fazer é interessante. Nos sentimos sozinhos e vemos cada detalhe como os olhos de uma criança, inocente e crédula. Sensível e surpreendedora. O silêncio nos faz cogitar e a calamidade rotineira nos faz cego, como murmúrios de alguém em apuros, visto por outra pessoa.

Eu estou no tédio e no silêncio neste momento. Então eu escrevo, sem rótulos ou normas, alivia um pouco. Sempre o tédio me deixou em um pêndulo do "cogitar", cogitar o que? O divino, o impróprio ou abstrato? Um filho com medo e raiva ao invés de respeito e amor pelos pais? Apesar da sensação de estar levemente morto, jamais poderia me sujeitar à esses padrões ou duvidar do sorriso puro de uma criança.

~~

É natal e são 04:10 da manhã e de longe, foi o melhor natal que eu já pude ter. Meu irmão em um convite totalmente inesperado, me chamou pra ceiar na casa de um amigo próximo. Lá, conheci gente interessantíssima, uns mais lengas que outros, mas cada um com seu brilho no olhar.

Foi interessante perceber a convergência entre o requiém do falso, hipócrita e ao mesmo tempo sentimentos de pureza e felicidade de gente que vive ao redor do luxo e amizade. Pela primeira vez, desejo um feliz natal à mim mesmo, não sou egoísta nem nada do tipo que não deseja pra outros. Mas esse ano valeu a pena, conheci muito mais meu irmão e coloquei na escuta de problemas que eu realmente quis escutar e fazer parte. Acho que esse é todo o negócio do natal, solidariedade. Um forte abraço.